Fundação Nossa Senhora da Guia elegeu novos órgãos sociais

A Fundação Nossa Senhora da Guia (FNSG) completa em setembro 60 anos de A Fundação Nossa Senhora da Guia (FNSG) completa em setembro 60 anos de atividade, mas a história dos cuidados de saúde em Avelar já remonta ao século XIX (1894), quando foi construído o Hospital de Nossa Senhora da Guia.
À imagem das restantes instituições nacionais que trabalham na área da Saúde e dependem do Estado, também esta Fundação tem vivido dificuldades, valendo-se do espírito empreendedor dos que têm passado pela sua administração para continuar ativa e, apesar da turbulência, garantir uma resposta (social e de cuidados de saúde) considerada fulcral em Avelar e na região circundante.

Os 430 sócios que compõem a Liga de Amigos da FNSG foram chamados no passado dia 18 de julho a escolher os corpos sociais da instituição para o quadriénio2020-2023, tendo-se apresentado uma única lista a sufrágio. Dessa lista eleita, cuja constituição demos conta na nossa passada edição, destaca-se a presença de muitos elementos jovens e dinâmicos, bem como de personalidades com experiência e conhecimento da área como é o caso de José António Fareleiro e Rui Rosa, bem como de Pedro Jacob, que já está há vários anos na instituição. E foram, por isso mesmo, estes os três elementos designados pelo Conselho de Administração para comporem a Comissão Executiva, uma formalidade à luz da lei que regula este tipo de instituições. Foi portanto com este trio que HORIZONTE esteve à conversa, procurando saber que planos tem para o futuro da Fundação…

MOTIVAÇÃO PARA SERVIR UMA REGIÃO
Explicando as motivações que levaram a encabeçar a lista concorrente ao ato eleitoral, José António Fareleiro advoga a “necessidade de preparar o futuro, alicerçado no passado e no espirito que norteou a criação do Hospital Nossa Senhora da Guia”. E para isso fez-se rodear de uma equipa coesa, para preparar “uma passagem de testemunho a gerações mais novas e dar contiuidade à importante vida futura da Fundação de Nossa Senhora da Guia”.
E para esse futuro ter sucesso, o administrador tem a profunda convicção de que “qualquer trabalho a ser realizado neste âmbito terá de ser desenvolvido na região regional dos seis concelhos — Alvaiázere, Penela, Figueiró dos Vinhos, Pedrogão Grande e Castanheira de Pêra”, lembrando que foram estes seis concelhos — na pessoa dos respetivos presidentes de Câmara à data, que assinaram uma petição conjunta “que veio a ser fundamental para a abertura do atual serviço de Urgências”. Os membros da Comissão Executiva pedem pois “o apoio de todos” e consideram um bom exemplo e passo importante a inscrição de sócios, de pessoas não só destes seis concelhos como de todos os que queiram apoiar esta secular Instituição.

SITUAÇÃO ECONÓMICO-FINANCEIRA
A Fundação apresenta dívida bancária, que consta do Balanço e que tem vindo a ser regularmente resgatada”. “Esta dívida foi contraída para fazer face ao grande investimento absolutamente necessário da remodelação do Hospital, exigido pela tutela e fundamental para o futuro”, refere a Comissão agora empossada.
“Num quadro temporal próximo, julgamos ser prioritário criar condições de investimento em áreas que possam oferecer melhores condições físicas e mais e melhores serviços. Em suma, saber lutar por ultrapassar algumas dificuldades constrangimentos, torna-se imperioso”, admite a administração.

MAIS SERVIÇOS, MELHOR SAÚDE
É na área hospitalar, que representa dois terços da atividade da Fundação, que residem os maiores desafios para o futuro. As políticas de saúde após a criação do Serviço Nacional de Saúde têm sofrido algumas alterações, cabendo à FNSG enquadrar os serviços hospitalares “dentro das necessidades da população da nossa região e tornar-nos um parceiro útil e eficaz aos serviços públicos”, considera a Comissão Executiva. “Devemos apontar para termos um serviço a nível Cuidados Primários e Cuidados na Comunidade onde daremos grande importância à existência de mais meios Complementares de Diagnóstico e sempre em parceria com os Centros de Saúde”, acrescenta, vincando ainda o objetivo de “aumentar as Especialidades”. Mas para complementar todos os serviços, a Administração reclama “um contrato para Cirurgias à semelhança de outras entidades que se situam numa área não muito distante”.
Já no que diz respeito à Área Social é objetivo “um aumento do número de camas no Lar e a remodelação da parte mais antiga com a criação de áreas específicas atendendo ao estado de saúde dos utentes”.
A oferta do Centro de Bem Estar Infantil “terá de ser repensada em face dos constrangimentos surgidos devido à baixa na natalidade e ao serviço público existente no pré-escolar”. “É nossa convicção que a Segurança Social no que toca a este problema, deveria tratar de uma forma diferente as instituições situadas no interior do País”, defendem.

CONTRIBUTO À ECONOMIA REGIONAL
Além da quantidade de pessoas que emprega — em ordenados e recibos verdes pagam-se anualmente cerca de 2 milhões de euros — a Instituição representa um forte contributo para a economia regional. “Nas áreas da saúde e social é prestada à população um inquestionável serviço relevante, mas poderá e deverá ir além, melhorando a qualidade de vida da mesma e contribuindo para a permanência de novos residentes”, ambiciona a Comissão.

FUNDAÇÃO MULTIFACETADA
A atividade atual da Fundação Nossa Senhora da Guia pode ser dividida em duas grandes áreas: a Área Social composta pelo Lar e Centro de Bem Estar INfantil e a Área Hospitalar.
No que diz respeito à Área Social, que em termos financeiros representa um terço da atividade da Instituição, trabalha com acordos da Segurança Social e integra o Centro de Bem Estar do Idoso — com capacidade para 48 residentes; o Centro de Dia; o Apoio Domiciliário — com diversos serviços, onde ser inclui o fornecimento de refeições e o Centro de Bem Estar Infantil — com serviço creche (dos 0 aos 3 anos), pré-escolar (dos 3 aos 6 anos) e atividades de tempos livres — ATL. Acoplada a a estas áreas há dois serviços centralizados para toda a Instituição: a cozinha e a lavandaria. Estas valências valências empregam no total 50 pessoas.
Já no que concerne à Área Hospitalar, engloba uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados de média duração e reabilitação — com capacidade para 25 camas; a Medicina — com 10 camas que se destinam a dar resposta a necessidades urgentes e temporárias; o Serviço de Atendimento a Doente Agudos não Urgentes (Urgências); Consultas de Especialidade; Meios Complementares de diagnóstico; Bloco Operatório e internamento com capacidade para 10 camas; dois centros de reabilitação física dos quais um está destinado aos Cuidados Continuados; Farmácia Hospitalar; Capela Mortuária e edifício sede, com os serviços administrativos e parte alugada aos serviços dos CTT.
A Comissão realça que os elementos que constituem os atuais orgãos sociais “não auferem qualquer remuneração no exercício dos referidos cargos”, à exceção de Pedro Jacob, que pertence como economista aos quadros da Instituição. No entanto esta situação não se afigura como regra para o futuro: “algumas funções exigem uma ocupação quase a tempo inteiro, tantos são os assuntos a tratar diariamente, fazendo cumprir um orçamento que ultrapassa os 3 milhões de euros”, refere José António Fareleiro, demonstrando que a responsabilidade assumida não pode ser encarada com o amadorismo ou carolice, como acontece na maioria das associações de outra índole.

126 ANOS DE LUTAS E CONQUISTAS
A história conhecida da Saúde em Avelar já tem registos que cruzam três séculos. Depois de cerca de 30 anos de dificuldades para a construção do edifício inicial, nasceu dia 31 de agosto de 1894 — faz agora 126 anos — o Hospital de Nossa Senhora da Guia. Foi seu ideólogo o prestigiado Costa Simões, que tinhas sido médio do concelho das Cinco Vilas. O primeiro grande administrador foi Alfredo Manso.
Depois de 1930 o Hospital foi perdendo atividade, mas em setembro de 1960 — faz agora 60 anos — foi criada a Fundação de Nossa Senhora da Guia, que teve como primeiro administrador Alfredo Dias Coelho, que contou sempre com a preciosa ajuda de Guilherme Bráz Medeiros.
A atividade hospitalar depois da obras de 1960 (é de lembrar o cortejo de oferendas em dezembro desse ano), foi crescendo fruto do importante, louvável e abnegado trabalho de muitas administrações. A partir dos anos 70 foram criadas as valências sociais. Primeiro o Centro de Bem Estar Infantil, depois o Centro de Dia, e mais tarde um Centro de Bem Estar do Idoso (Lar).
Já foi em 2010, com Administração de Paiva de Carvalho, que foram realizadas as obras de reestruturação e ampliação das instalações hospitalares e criada a Unidade de Cuidados Continuados, que custaram mais de 2 milhões de euros e foram inauguradas em 2011.
Em jeito de registo temporal pode-se afirmar que no século XIX o hospital foi a resposta a uma premente necessidade de cuidados de saúde, já no século XX as respostas envolveram não só o hospital como a vertente social; e no século XXI, na senda de tantos e tão exemplares contributos de anteriores gerações, cabe a esta e às vindouras das continuidade aos desafios que os novos tempos vão exigir.
Fonte:Jornal Horizonte